Ecologia de carrapatos e dos microorganismos patogênicos associados no Brasil

por Brenda
Publicado: 29/06/2018 - 10:22
Última modificação: 17/05/2023 - 10:00

Microrganismos patogênicos em áreas naturais são integrantes da biodiversidade e assim potenciais fontes de bioagentes de zoonoses. De forma geral, estes patógenos ficam restritos ao ambiente original pelas necessidades biótica e abióticas evolutivamente impostas. Ocasionalmente porém, alguns destes são acidentalmente favorecidos por alterações antrópicas, ampliando-se e expandindo-se, quando então emergem as doenças infecciosas na população humana. Por outro lado, a relação humana com áreas naturais se modificou em um passado recente e embora a invasão com destruição de áreas naturais persista, ocorreu um aumento do interesse e da popularidade pela vida selvagem. Por este motivo, atitudes de preservação e reconstituição de áreas naturais bem como a procura para lazer e moradia com a aceitação da proximidade de animais selvagens, como a capivara no Brasil, são crescentes. Estas modificações aumentam a interface da vida selvagem com humanos e adicionaram complexidade às relações patógeno-hospedeiro. Destarte, o incremento de determinadas doenças infeciosas já conhecidas e o surgimento de novas é antecipável. Neste contexto, vetores como os carrapatos e um hospedeiro em especial, o cão, servem como ponte importante dos patógenos de áreas naturais para o homem. O primeiro é, a saber, o vetor da maior variedade de agentes patogênicos e o cão um hospedeiro de alta mobilidade e explorador de ambientes naturais e, ao mesmo tempo, o animal mais privilegiado no contato com o homem. Neste trabalho serão pesquisados de forma sistemática carrapatos e nestes patógenos, responsáveis por zoonoses em áreas naturais adjacentes a zonas rurais e/ou urbanas e em cães transitando nestas áreas. Serão explorados dois dos Biomas mais degradados do Brasil, o Cerrado e a Mata Atlântica, e que albergam a maioria da população do país, incluindo as maiores aglomerações urbanas. Foram escolhidos quatro grupos de patógenos frequentemente associados a carrapatos; Rickettsia spp, Borrelia spp, Leishmania spp. e Flavivirus, alguns já detectados no País outros não. Pretende-se com o trabalho conhecer melhor a distribuição geográfica dos carrapatos vetores, avaliar o papel do cão como agente veiculador de carrapatos infectados entre áreas naturais e antrópicas, definir melhor a distribuição geográfica de patógenos humanos já reconhecidos no país como a Rickettsia sp cepa Mata Atlântica e pesquisar sistematicamente outras negligenciadas como Flavivirus, Pretende-se ainda avaliar os indícios de que carrapatos servem de bioindicadores de elevada sensibilidade para detecção de Leshmania spp. circulante na interface entre áreas naturais e aquelas antropizadas. Desde 2018 o projeto conta com apoio do CYTED numa rede internacional sobre biologia e controle vacinal de carrapatos.

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